(O grilo e a pirilampa) Um grilo tinha uma tara por pirilampas. Via uma luzinha a piscar, não resistia, saltava-lhe para cima. Domingo, noite de Verão, passeava na frescura da Quelha do Valezinho, viu um tremelicar na vereda para a Eira dos Santinhos. Aproximou-se sorrateiramente, por trás, pé ante pé… ERA UMA BEATA… FICOU TODO QUEIMADINHO Aniceto Carvalho
A minha terra não é região de gado cavalar. Nem pouco mais ou menos.
Lembro-me do Ti António Henriques, numa égua lazarenta a cair de velha que mal podia com a sela, (o Ti António Henriques pesava mais de cem quilos, o pobre animal morreu pouco depois), e da pileca do Doutor Sanches da Gama, mais ou menos o Rocinante do Dom Quixote.
Mais nada. Os caminhos e a agricultura da região não eram para carroças, ter um muar só para ir daqui para ali não fazia parte da vida dos habitantes de entre o Ceira e o Mondego.
Do preço de uma das mais sofisticadas alfaias da actualidade, a junta de bois contudo, era muito mais que isso, muito mais que uma qualquer máquina por muito que esta superasse o trabalho dos animais. A junta de bois não era uma máquina que se deixava parada no telheiro, que no dia seguinte se acionava um interruptor e a vida continuava. Não. Tratar da junta de bois faz parte das obrigações familiares: Noite dentro, depois do serão, os animais têm de ser "visitados", é preciso chegar-lhes a água, arranjar-lhe a cama e aconchegar-lhe a manjedoura.
Uma junta de bois faz parte da família.
NA ESCOLA DE VALE VAZ - PRIMEIROS TEMPOS. (42/43)
"O boi é mais elegante e airoso que o cavalo" - respondi eu.
A minha professora da primeira ou segunda classe olhou para mim lá do alto, gozou com a meu gosto duvidoso. Mas não me perguntou o porquê da minha apreciação.
Não perguntou. Se tivesse perguntado, eu tinha respondido:
- Porque os bois fartam-se de trabalhar e os cavalos não fazem nenhum.
Pelos vistos, já na altura eu achava que trabalho e penacho eram coisas diferentes.