O Virgulino Cara Lisa
O VIRGULINO CARA LISA NA PRAIA
E lá vai ele praia fora. Areia abrasadora, pé descalço, tronco nu, calção largueirão, sem nada por baixo, a chegar a meio da canela escanzelada.
Um calor dos trópicos, o Virgulino destila toneladas de água.
Embasbacado olha o marzão, imagina o que estará do outro lado.
Sem mais nem menos, de repente o Virgulino perde a cabeça: Corre a toda a velocidade praia fora, entra de cabeça no oceano, sai a nadar Atlântico fora, dá cambalhotas, mergulha nas profundezas, apanha tubarões…
Volta à praia ofegante a deitar os bofes pela boca.
Calção de tecido fininho colado ao corpo, parecia que o Virgulino Cara Lisa trazia o cabo de uma marreta pendurada na cintura.
As mulheres riam à socapa por entre os dedos meio abertos à frente dos olhos, os homens, roxos de inveja, nem queriam acreditar.
Foi então que o Virgulino deu por isso.
Todo envergonhado gritou para toda a praia:
- Que é que foi, cambada de pategos? Quando vocês mergulham na água fria o vosso pinto também não fica pequenino?
Aniceto Carvalho